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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Visões da Ayahuasca..Alienigenas

Texto extraído de: Visões da Ayahuasca: A Iconografia religiosa de um Shaman Peruano

Sobre as Visões - Algumas iconografias de maior importância:

Naves Espaciais

 O tema das naves espaciais tem grande importância nas visões de Pablo. Como logo vimos, quando a curandeira que curou sua irmã deu-lhe ayahuasca, Pablo viu um imenso disco voador fazendo um tremendo zumbido que o deixou em pânico. Don Manuel Amaringo, o irmão mais velho de Pablo, tem uma história similar. Ele me contou - com lágrimas em seus olhos - que o principal ícaro (canção de poder) que ele utilizou para curar muitas pessoas, ele o aprendeu de uma fada chamada " Altos Cielos Nieves Tenebrosas", que veio em uma nave espacial azul.
Ela me perguntou: você quer ouvir minha música? Ela cantou e aquela música permaneceu em meu coração.
A despeito da freqüência com que Pablo descreve naves espaciais, ele é espaçado em seus comentários sobre elas. Pablo diz que estes veículos podem ter diversos formatos, são capazes de atingir velocidade infinita, e podem mover-se debaixo d'água e dentro da terra. Os seres que viajam nelas são como espíritos, tem corpos mais sutis do que os nossos, aparecem e desaparecem. Eles pertencem a uma avançada civilização extraterrestre, a qual vive em perfeita harmonia. Grandes civilizações ameríndias como a Maya, Tiahuanaco e a Inca contataram estes seres. Pablo disse que viu em suas jornadas com ayahuasca que os Mayas sabiam sobre esta mistura (com seu povo), e que eles vieram de outros mundos em vários momentos de sua história, mas que estão prontos para retornar para este planeta.
De fato, ele disse que muitos dos objetos voadores vistos por pessoas hoje são pilotados por peritos mayas.[1]
Os extraterrestres estão em contato com os nina-runas (povo do fogo) que vivem no interior dos vulcões. Eles se comunicam telepaticamente com os outros. Sob o efeito da ayahuasca, pode-se ver estes seres e seus veículos, mas poucos vegetalistas atualmente tem contato com eles, apenas alguns escolhidos, a quem os extraterrestres ensinam canções de poder e fornecem informações para ajudar a curar seus pacientes.

A antropóloga francesa Francoise Barbira-Freedman, quem fez um extenso trabalho sobre a Lamista(?) da província de S. Martin, contou-me que entre seus informantes shamans, avistamentos de espaçonaves através da ayahuasca são comuns. Quando eu visitei D. Manuel Shuna, o tio de Pablo, um vegetalista com mais de 90 anos, eu lhe mostrei várias fotos das pinturas de Pablo. Apontando para o disco voador em uma das fotos, ele me disse excitado, quase estressado, que nos últimos dois anos ele vinha sendo assombrado por seres que saíam de máquinas como aquela. Ele disse que aqueles seres pairavam levemente sobre a superfície da água. D. Manuel descreveu aquelas máquinas como tendo aproximadamente 50 metros de comprimento, com luzes que tornavam a noite clara como o dia. Quando paravam, nunca tocavam a superfície da água, mas permaneciam suspensos no ar. Algumas vezes os seres que estavam a bordo destas máquinas derrubavam algumas árvores e as levavam todas de uma vez com eles. Dom Manuel disse: Eles sabem quando eu estou bebendo ayahuasca. Eles vem e cantam (me ensinam) todos os tipos de canções e os ícaros (chamadas ou canções de poder) que eu canto. Eles também sabem como orar. Eles querem ser meus amigos, porque existem coisas que estes seres não sabem. Eles querem me levar com eles, mas eu não quero ir, porque estas pessoas comem uns aos outros. Eles me apavoram por moverem terra, ou ao derrubarem grandes árvores. Eles quase me enlouqueceram. Mas eles não demoraram a ir embora, porque eu assoprei tabaco neles.

Está claro que é muito difícil saber o que fazer com este tipo de relato. Parece que os shamans estão constantemente se apropriando de quaisquer inovações que vêem ou ouvem, usando-as em suas visões como metáforas vivas para ir além na exploração das esferas espirituais, para aumentar seus conhecimentos, ou para se defenderem de um ataque sobrenatural. Os shamans de Shipibo recebem livros em suas visões, nos quais podem ler a condição de seus pacientes, recebem espíritos farmacêuticos, ou viajam em naves com um sugestivo design geométrico para o fundo dos lagos para recuperar a alma de seus pacientes (Gebhart-Sayer 1985:168,172:1986:205;1987:240). Canelos Quichua recebeu dos espíritos máquinas X-ray, aparelhagem de pressão sangüínea, estetoscópio, e um conjunto brilhante de luzes cirúrgicas. Um shaman Campa aculturado usa em suas curas um rádio para se comunicar com os espíritos da água (Chevalier 1982:352-3). Os Shamans de Shuar, que adquiriram de várias plantas, animais, pedras, ou outros objetos, flechas mágicas para curar ou se defenderem, também recuperaram um witrur (vitrola em espanhol, fonógrafo) (Pellizzaro 1976:23. 249); Don Alejandro Varquez, um vegetalista que vive em Iquitos, contou-me que além de anjos com espadas e soldados com armas, ele recebeu um jato que usa quando é atacado por feiticeiros fortes (Luna 1986:93: veja também Pellizzaro 1976:47); Dom Fidel Mosombite, um hoasqueiro de Pucallpa, contou-me que em suas visões ele recebeu chaves mágicas, que o habilitaram a dirigir carros e naves de diferentes tipos.

 Voar é o tema mais comum do shamanismo em qualquer lugar. O shaman pode se transformar em um pássaro, inseto, ou em um ser alado, ou ser levado por um animal ou outro ser para outras esferas (realidades). Os shamans contemporâneos às vezes usam metáforas baseadas em invocações modernas para expressar a idéia de voar. Desta maneira, não é estranho que o tema UFO, o qual é parte do imaginário moderno - talvez, como proposto por Jung (1959), seja uma expressão arquetípica dos nossos tempos - é usado pelos shamans como um dispositivo de transporte espiritual para outros mundos. Os discos voadores, seres extraterrestres, e civilizações intergaláticas que aparecem nas pinturas de Pablo, não devem necessariamente ser considerados incomuns ou estranhos para o shamanismo amazônico; eles podem ser manifestações de temas antigos. Descrições de jornadas shamanicas sob a influência da ayahuasca e outras plantas psicoativas, mesmo entre as tribos amazônicas isoladas, freqüentemente incluem a idéia do shaman ascendendo ao céu para se juntar aos seres celestiais ou, ao contrário, seres celestiais descendo ao lugar da cerimônia.[2]
Mbos Valle (1979) e Meheust (1988) notaram o paralelismo que pode ser encontrado entre temas folclóricos, jornadas shamanicas, e abduções por discos voadores. Como em outras partes do mundo hoje, a Amazônia é constantemente bombardeada por novas imagens exóticas e símbolos que rapidamente se misturam à crença tradicional

 Entretanto, a conexão entre UFOs e tryptamina foi anotada por Terence Mckenna, quem averiguou por pesquisas que o contato com UFOs é o tema mais freqüente mencionado por pessoas que tiveram experiências com psilocybin, usando 15-miligramas, dose suficiente para trazer à tona o potencial dos efeitos psicodélicos (cf. Mckenn 1984, 1989). Eu tenho escutado relatos semelhantes dos caboclos que beberam ayahuasca, Psilocybin cubensis (cogumelos), ou dimethyltryptamina pura. Como Valle (1979:209-10) anotou, os UFOs são manifestações físicas que não podem ser entendidas fora de sua realidade psíquica e simbólica. O tema UFO é um assunto que não pode ser negligenciado pelos antropologistas cognitivos, psicólogos e pessoas interessadas na mitologia do homem moderno



OPERAÇÃO CORAÇÃO ESPIRITUAL

 Isso aconteceu quando eu cheguei em Tamanco em 1959. Meu pai me levou para um acampamento chamado Brasil. Em uma casa em uma extremidade da cidade, viveu uma mulher chamada Maria Pacaya. Meu pai tinha para curar vários pacientes, e lá ele tomou ayahuasca. Ele também me deu a bebida depois de soprar sobre ele com o propósito de ajudar-me, como eu estava sofrendo de uma doença cardíaca.
A bebida era tão forte que eu estava à beira de gritar. As visões eram tão vívidas que eu pensei que eu vi não era apenas imaginação, mas um contato com algo físico e real. Eu vi esfinges, eu estava na África, Europa e Américas, e de repente eu vi um médico vestido com um terno cinza-violeta. Ele era um americano. Sua esposa estava usando um vestido verde-esmeralda. Sua filha tinha um vestido da mesma cor. Eles pareciam ser enfermeiros, e teve com eles bisturis, tesouras, pinças, ganchos, algodão, agulhas e linha, e medicina de vários tipos.

O médico me pediu para tirar a camisa. Ele pegou uma faca grande, ampla e abriu-me da clavícula até a última costela do lado esquerdo. Com um martelo, ele quebrou as costelas e abriu meu peito. Ele colocou meu coração em um prato, onde operou em suas artérias e se juntaram a eles com algum tipo de tubos de plástico macio. O médico me mostrou o local do dano em minhas artérias.

Entretanto, a filha do médico já tinha preparado a agulha e agulha para costurar threaded a ferida. Eles colocaram o meu coração de volta em seu lugar, fechou meu peito, e limpos e costurou a ferida. Eles me disseram que eu tinha de jejuar por uma semana. Eu fiz isso, e desde então eu me senti perfeita. [149]

149 No curso de entrevistas com vegetalistas e seus pacientes que eu encontrei várias narrações em que a cura se dá através de imagens, seja em visões ou em sonhos ... Clodomir Monteiro da Silva relata que Sebastião Costa, um discípulo de Irineu Serra, fundador da igreja de Santo Daime (ayahuasca) no Brasil, foi "operado" sob os efeitos da bebida. Ele viu seu corpo deitado na frente dele, e dois homens chegaram com instrumentos, retirados os seus ossos e colocá-los de volta em seu corpo, abriu o seu corpo, e levou um pedaço quadrado a partir do qual três pequenos animais vieram que foram a causa da doença (Monteiro 1985:104-5).
Isto parece sugerir que, nas visões dos pacientes ou o xamã metaforicamente decreta o processo de cura, e é essa visualização que realiza a cura (cf. Achterberg, 1985).

Notas
[1] Uma idéia similar foi descrita pela antropóloga alemã Angelika Gebhart-Sayer. Em 1981, enquanto realizava trabalho de campo em Caimito, uma pequena localidade ao longo do Rio Ucayali, na amazônia peruana, seus amigos índios afligiram-se com um estranho fenômeno de luzes nas montanhas, e que eles interpretaram como uma nova tática das pessoas brancas para penetrar em seu território tribal. Quando eles se aproximaram, as luzes desapareceram. Gebhart-Sayer disse Ter visto inexplicáveis luzes amarelas se movendo a 400 metros de distância e a um metro do chão. Ela não encontrou nenhuma explicação lógica para o que viu. Joe Santos, o shaman, acalmou as pessoas, explicando que nas visões proporcionadas pela ayahuasca ele entendeu o que era aquilo: um aeroplano dourado com grandes lâmpadas e uma bela decoração. O piloto, um distinto inca. Às vezes, ele vestia as roupas modernas das pessoas brancas, às vezes uma preciosa cushma inca (tradicional vestimenta masculina). Nós saudamos os outros, mas não falamos, porque nós conhecíamos seus pensamentos. Então ele se afastou. Entretanto, o momento não é adequado para ele falar. Os incas querem aliar-se com eles, para poder derrotar os brancos e mestiços, e estabelecerem um grande império no qual nós viveremos sua vida tradicional, e possuiremos as comodidades incas e brancas. O tempo chegará em breve, no qual ele trará surpresas e orientações.
[2] Um interessante exemplo da cosmologia Cuna foi relatado por Gomez: as estrelas são luzes de um nível de habitações (mundos) da natureza, que é intermediário entre corpos sólidos e o ar. Aquelas moradas são habitadas por belas mulheres que à noite vestem roupas de tecidos brilhantes, acessos por lâmpadas, semelhantes àquelas das pessoas brancas. Elas se reproduzem por meio de “Paptummatti” (literalmente, o Grande Pai) sem a intervenção de homens, sempre dando a luz à mulheres. Elas se movem de uma casa para outras por meio de naves douradas com as quais também viajam a outros mundos, ocasionalmente descendo a algum deles para transportar em seus veículos aquelas pessoas merecedoras de um favor divino. 

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